sexta-feira, 22 de junho de 2012

Preço da mão do milho chega a R$ 40 no Centro de Abastecimento


No Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), o preço da mão do milho às vésperas do São João mostra bem os reflexos da seca no Estado - a pior desde 1962. O preço da mão (50 espigas) oscilava ontem entre R$ 25 e R$ 35, mas podia ser encontrada a R$ 40 nos “montes” espalhados pelo pátio do milho. De acordo com o diretor-presidente do Ceasa, Romero Pontual, o aumento do preço chega a 20% em relação ao ano passado. Ele confirmou também uma redução no número de espigas comercializadas: o número de 15 milhões, em 2011, será em torno de 13 milhões este ano. “Será uma queda de R$ 1,25 milhão nas vendas”, calculou.

Pontual disse ainda que boa parte do milho oferecido no Ceasa é de plantios de irrigação do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Este ano, pela primei­ra vez, há comércio de produtos de São Paulo - cerca de 1,8 mil mãos de milho, segundo o presidente. Ele explicou que o plantio do tipo sequeiro (que depende da chuva) foi qua­se totalmente acabado pela falta de água. “Esse preço deve se sustentar até o fim do período (que começou em 1º de maio e segue até 30 de junho) com garantia de abastecimento”.

Do milho produzido no Estado, 33% vem do município de Ibimirim, segundo dados do Ceasa. Seguem na lista Barra de Guabiraba (25%), Gravatá (15%), Chã Grande (9%), Camocim de São Félix (6%), Bonito (2%) e Vitória de Santo Antão (2%). O restante vem de outros estados e, em menores quantidades, de pequenos municípios pernambucanos.

O comerciante Ailton Oliveira comprava milho ontem pela manhã, no Ceasa. Ele trabalha com a venda há quatro anos e disse que a safra não está suprindo a demanda. “Ano passado, nessa época, cheguei a comprar a mão por R$ 15. Este ano, os melhores estão entre R$ 30 e R$ 40 a mão”, comenta. Oliveira disse que o aumento é repassado aos clientes, que já reclamam do preço e da qualidade do produto.

A dona de casa Maria José Lopes, 68 anos, andou pelo pátio do milho, mas não conseguiu encontrar preço mais baixo. “Tem mão até de R$ 40, mas comprei de R$ 30”, disse, reclamando do preço da mão para consumo próprio. “Em Paulista (onde mora), a espiga sai a R$ 1, então aqui é melhor”, explicou.

Segundo Romero Pontual, outras culturas, como o feijão carioquinha, estão sofrendo com a seca. Ele explicou que em 2010 e 2011, com a oferta acima da demanda, os preços estavam mais baixos, caindo de R$ 90 para R$ 60 a saca de 30 quilos. Com a redução das áreas de plantio e a estiagem, a saca chegou a R$ 190 e, agora, “estabilizou” em R$ 150. “Uma saída para o consumidor é optar por outro tipo de feijão, como o preto”, disse. Até a véspera de São João (dia 23, amanhã), o Ceasa estará aberto 24 horas.

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