sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ritmo lento das obras mostra que a Copa tem todos os ingredientes para ser um vexame mundial

Fiasco a caminho – 31 de outubro de 2007. Na Suíça, mais precisamente na sede da FIFA, o então presidente Luiz Inácio da Silva tirou do bolso suas conhecidas pílulas de messianismo e garantiu com todas as letras que o Brasil realizaria a melhor Copa da história. Enquanto a blasfêmia oficial ecoava pelo planeta, os brasileiros ocupavam as ruas do País para comemorar a decisão da entidade máxima do futebol de realizar o Mundial em terras verde-louras. Daquela declaração os incautos depreenderam que o governo brasileiro faria o necessário para que a Copa de 2014 saísse a contento e dentro das exigências da FIA, afinal o País concordou com as regras do jogo no momento em que apresentou sua candidatura. Semanas depois do anúncio, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com o caos reinante nos aeroportos brasileiros. E não demorou muito para ser ofendido por Lula, que de forma transversa e inominada chamou-o de “idiota”. Pode parecer insistência de nossa parte recrudescer o assunto, mas isso é preciso para mostrar a inoperância de um governo populista que sempre abusou da pirotecnia palaciana para enganar a opinião pública. Não faz muito tempo, o mesmo Valcke disse que o Brasil precisava de um “chute no traseiro” para cumprir o cronograma das obras. Foi o suficiente para os magnânimos palacianos se voltarem contra Jérôme Valcke, que foi alvo de impropérios disparados por Aldo Rebelo, ministro do Esporte, e pelo enfadonho Marco Aurélio Garcia, trotskista convicto que desempenha o papel de chanceler genérico de Dilma Rousseff, o mesmo da era Lula. De acordo com balanço divulgado pelo governo federal, apenas 5% das obras para a Copa do Mundo estão concluídas, faltando 750 dias para a abertura oficial do certame. No cálculo oficial constam as obras dos estádios e de mobilidade urbana e infraestrutura, como portos e aeroportos. Esses projetos concluídos correspondem a apenas 1% dos investimentos previstos para a Copa de 2014. Os dados divulgados pelo governo apontam para um cenário preocupante: 41% das obras não começaram, 9% tiveram a licitação finalizada, 17% estão em processo de licitação e 15% permanecem estagnadas na fase de elaboração do projeto. Segundo o balanço divulgado nesta quarta-feira (23), oito dos doze estádios da Copa do Mundo não concluíram 50% das obras. O mais atrasado é o de Curitiba, com apenas 11% do cronograma cumprido. O de Porto Alegre concluiu 20%. Dois estádios previstos para a Copa das Confederações, inicialmente marcada pata junho de 2013, ainda não alcançaram 50% do cronograma de obras – o Maracanã, no Rio de Janeiro, com 45% das obras concluídas, e a Arena Pernambuco, em Recife, com 33%. O ministro Aldo Rebelo, que apresentou o balanço das obras, disse estar otimista em relação às obras dos estádios. “O conjunto das obras guarda completa sintonia e compatibilidade com os prazos de entrega”, disse o ministro do Esporte, lembrando que visitou todas as obras recentemente. Rebelo disse também que o governo tem um olhar “otimista” sobre o andamento das obras. “Achamos que as obras estarão prontas dentro do prazo de entrega, que é antes da Copa de 2014”. Pelos cálculos oficiais, todos os empreendimentos serão entregues para a Copa do Mundo, apesar dos preocupantes atrasos. A maioria das obras (52%) ficará pronta em 2013, sendo que no ano passado foram entregues 10% dos empreendimentos. Em 2012 outros 22% estarão conclusos. Em 2014, ano da Copa, o governo prevê a entrega de 16% dos empreendimentos. Carraspana da FIFA Na terça-feira (23), Joseph Blatter, presidente da FIFA, voltou a cobrar o governo brasileiro. “O Brasil não é um país pobre. É a sexta maior economia do mundo. Tem ativos. Eles sabem o que precisam fazer. Mas não estão fazendo o trabalho no tempo certo”, disse Blatter. Nesta quarta, usando um tom de quem mudou o discurso desafiador, Aldo Rebelo comentou as declarações do presidente da FIFA. “O Brasil é um país democrático. Estamos abertos a recepcionar críticas dos nacionais, porque não recepcionaríamos críticas dos estrangeiros?”, disse. De acordo com o ministro, “o Brasil tem um desafio muito importante para ficar discutindo publicamente com dirigentes responsáveis pela organização da Copa”. Ou seja, aquele bombardeio na direção de Joseph Blatter foi uma cortina de fumaça para evitar que os brasileiros descobrissem a verdade.

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