sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mãe rejeita filho que estava desaparecido



Mãe não abraçou garoto quando ele foi ao seu encontro a pedido de juíza

O garoto de dez anos que vive há um ano em um abrigo de Salvador, após se perder de casa, recebeu a visita da mãe nesta quinta-feira (30). Jaciara Lima Gonçalves, que não abraçou o filho durante o encontro, afirmou que foi ao local apenas para vê-lo, mas que não pretende levá-lo para casa. Em entrevista à equipe do Juizado, a mãe disse ainda que não quer que o filho seja adotado. 

"Só quero olhar para cara dele, não quero nada mais não. Repito o que meu pai disse, o que todo mundo disse, que não era para ele ir para casa, porque vai fugir, traquinar. Quando a gente ia bater nele, ele fugia. Ainda sou mãe de olhar para cara dele", relatou a mulher, que possui oito filhos. O menino também pediu à juíza da Infância e Juventude para continuar no Abrigo Lar da Criança, que fica no bairro Vila Laura. 

Ele chegou ao local após ser encontrado só na rua pela polícia nas imediações do bairro Mata Escura e, desde então, nunca mais teve contato com a família. "No dia 8 de setembro, ano passado, por volta da meia-noite, ele foi encontrado por uma ronda policial e entregue à 1ª Vara [da Infância e Juventude]. Nós acolhemos no abrigo. Tentamos localizar familiares, ele passou por assistente social, psicóloga, é menino bem esclarecido. Ele contava tudo, nome de pai, de mãe, irmãos, só não sabia o endereço. Falava muito de uma irmã pequena, a que ele mais gosta", afirma a juíza Mariana Varjão, que acompanha o caso. 

A mãe foi buscada pelo Juizado em casa e foi até o encontro acompanhada de um dos filhos. "Para a nossa surpresa e a nossa tristeza, a mãe já veio dizendo que ele continuasse abrigado. Mas ele também verbaliza que não quer voltar para a casa. Vai continuar institucionalizado, vamos fazer a reinserção aos poucos, através de visitas domiciliares", explica a magistrada. 

Segundo Mariana Varjão, a mãe da criança disse que ele "sabe o que passou, que sofreu muito" e, por isso, quer que ele continue no abrigo. "Mas nós vamos ver o que é melhor para ele. Ele é muito esperto, está na segunda série, brinca, gosta de futebol. Muito ativo, só não quer voltar para casa", retrata a juíza. O motivo do sofrimento não foi relatado pela mulher. 

O Juizado ainda descobriu nesta quinta-feira que um irmão da criança também vive abrigado. O irmão tem quatro anos, possui síndrome de down e está em uma das unidades especiais há quatro anos. A juíza afirma que ele será procurado nos próximos dias. 

Em Salvador, cerca de 600 crianças e adolescente moram em abrigo, por situações diversas. A juíza explica que algumas são filhos de moradores de rua, outras vivem em conflito doméstico, além de filhos de pessoas muito jovens.

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